Sonhei, na noite que virava o dia 22 pra 23 de Novembro.
Era um pequeno salão cujo chão eram tábuas de madeira. E uma dúzia de bancadas de madeira do lado esquerdo da sala, onde me encontrava com Carol, num dos bancos mais traseiros. E uma dúzia de bancadas do lado direito, onde, um pouco mais à frente, estavam Cadu e Zenaide; e Zenaide também usava dreads.
Osmar consultava algo que se assemelhava a um livro ou caderneta, e sentava nas bancadas do lado esquerdo, um pouco adiante de mim e Carol.
Na frente da sala havia um pequeno tablado, onde estavam dispostos instrumentos musicais, todos vazios, em posição de descanso.
O chão, as paredes em toda a sua textura, o teto, o pé direito, tudo na sala lembrava uma sala de aula do Colégio Batista Shepard, onde estudei por toda a minha infância.
E, fora eu, Carol, Cadu, Zenaide e Osmar, toda platéia era formada pelo estereótipo do tijucano médio, masculino e feminino. E se percebia mais presenças por algum glamour que por um engajamento propriamente dito.
E não havendo apresentações musicais, era um recital de poemas que havia. E havia um bandolim ou cavaquinho acompanhando sozinho Osmar numa récita de uma obra de sua autoria.
Esse poema invertia metáforas e outras figuras usuais para, implicitamente, questionar a utilização do branco para paz, harmonia, sabedoria e conhecimento; e do preto para esses antônimos. E a proposta era de abolição, confusão desses instrumentos. E o instrumentista o acompanhava.
E de volta à platéia, percebíamos reações díspares. Um casal dormia, ou fingia. E uma menina recitava de cor, no mesmo ritmo do poeta, os versos de um poema que só não era inédito para o poeta.
E ao fim, percebemos alguma comoção das pessoas, mas também alguma ridicularização.
E nesse momento, Cadu, do seu lugar, intempestivamente, toma a palavra, esbravejando e batendo com a ponta dos dez dedos em seu próprio peito. Quando ouvimos prontamente, e também em alto e bom som, algumas palavras de Zenaide em apoio a Cadu, que dizia as suas em apoio às de Osmar.
Então, mais calmo e não menos incisivo, Cadu se levanta e se posta ao fundo da sala, e todos tem que se virar para enxergá-lo. E dessa inversão de posições o poema já falara. E ali, Cadu começa um discurso sobre a importância e beleza do negro através da história escrita e não-escrita da humanidade.
De repente, toda a platéia se levanta e se coloca em círculo, vejam bem: todos em pé e em círculo, ouvindo e vendo Cadu falar e gesticular. E se observava que Zenaide, como os demais, em respeito à fala de Cadu, nada falava. Mas diferentemente de todos, concordava com ele em gestos. E interessante foi, quando Cadu a falar de arte, religião e dança, esboçou uns passos, e Zenaide foi a lhe acompanhar.
E, ao final, foram ouvidos aplausos efusivos
E eu, que nesse momento já misturava ao sonho o que era real, me encontrava deitado e levantei para aplaudir.
Não lembro um só verso do poema, nem um só palavra do discurso, mas sei exatamente do que se tratava: da importância da parte negra para o todo humano.
E esse foi o sonho, não sei se Freud ou Daniel explicariam, mas só sei que foi assim.
28/11/2008
24/11/2008
08/11/2008
Filosofia de Vila
Filosofia
(Noel Rosa)
O mundo me condena
e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia
hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo
que você me diga
Que a sociedade
é a minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba,
muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro,
mas não compra alegria
Há de viver eternamente
sendo escravo dessa gente
Que cultiva hipocrisia
(Noel Rosa)
O mundo me condena
e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia
hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo
que você me diga
Que a sociedade
é a minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba,
muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro,
mas não compra alegria
Há de viver eternamente
sendo escravo dessa gente
Que cultiva hipocrisia
06/11/2008
Negros
*Temos o melhor jogador de golfe do mundo
*Temos o melhor piloto de Fórmula 1 do mundo
*Temos o presidente eleito do Estados Unidos do mundo
*Temos o campeão do Soletrando do Caldeirão do Huck
quanto orgulho! que auto-estima!
*Temos o melhor piloto de Fórmula 1 do mundo
*Temos o presidente eleito do Estados Unidos do mundo
*Temos o campeão do Soletrando do Caldeirão do Huck
quanto orgulho! que auto-estima!
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