22/07/2010
Fumaça Difusa
A frase que dá título ao post possui um ritmo característico.
'Fuça Fusa'
Analisada de tal modo, essa rima parece cômica, até ridícula,
mas é esse o padrão que nosso sistema cognitivo percebe, e se
agrada disso. Mas não é por isso que escrevo essa nota.
Por que fumaça difusa então?
Porque percebo que as epistemologias contemporâneas estão a
mudar o conceito de identidade pelo conceito de isomorfismo.
E, nessa toada, o conceito de exatidão vai sendo suplantado
pela ideia de proximidade, bem como a ideia de certeza
pela de possibilidade. E assim, outros ritmo vão sendo apreendidos.
E se isso se dá, muito se deve aos estudos meteorológicos e
de cinética molecular.
Pois são os gases, as nuvens, as redes de fumaça que consternam
a físico-química atual. São seus ritmos e padrões que preocuparam
Einstein e Brown, na teoria do comportamento molecular.
Foi Mandelbroit que, a partir de estudos de meteorologia,
elaborou a geometria fractal.
E além dela, as linguagens da lógica fuzzy e da teoria das
probabilidades desempenham papel fundamental nessa rotação.
É praticamente impossível prever a trajetória de uma molécula
singular, mas um grupo de moléculas em interaçÕões iterativas é
provavelmente previsível.
É praticamente impossível prever o que vai na cabeça de
cada motorista nas rodovias de uma cidade. Mas o comportamento
de toda a massa a trafegar é provavelmente previsível.
O que significa dizer que, por mais aleatórios, arbitrários
e estocásticos que possam nos parecer os comportamentos individuais,
o comportamento da massa é absurdamente padronizado.
Por mais sublimes que me sejam os versos de Paulo César Pinheiro,
um carioca que ouve samba e toma chopp está bem distante da
imprevisibilidade.
P.S.:
O estudo dos enxames, das colméias, dos formigueiros, dos sistemas
imunológicos, das redes neuronais, regidos sobre a égide da
complexidade e com ferramentas matemáticas e estatíscas derivadas
da cinética e da termodinâmica,também vai nos revelando padrões
curiosos e permitindo previsões bem interessantes.
E parece que tais abordagens vão se aproximando cada vez mais de
nossos sistemas culturais e de nossas teias simbólicas.
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