06/09/2008

citações

Heráclito de Éfeso: "O Universo é gerado não segundo o tempo, mas segundo a reflexão."

Clarice Lispector: "Há que se entender a violenta ausência de cor de um espelho para poder recriá-lo. Como se se recriasse a violenta ausência de sabor da água"

Homo Sapiens

Devemos estar atentos para as diferenças que há entre "lex tradita" e "lex scripta" nos estudos de compreensão dos povos.

Pois, há um hiato entre os costumes e tradições de um povo e seus códigos, sejam estes últimos religiosos ou laicos.

Há aspectos dos códigos que estão em conformidade com os costumes, e talvez sejam a maioria.

Porém, há aspectos dos códigos que estão além dos costumes, isto é, são como que metas almejadas, ainda não alcançadas, vide o artigo quinto da nossa Constituição.

E há, também, aspectos do código que estão fora dos costumes, seja por anacronismo, ou porque vêm de "cima para baixo"(leis, que são formuladas por uma elite nas câmaras e parlatórios, que não vão de acordo com os anseios da população que essa elite representa. Pelo menos na democracia representativa. E cabe a cada um decidir se concorda com "vox populi, vox Dei). Os exemplos mais comuns são as leis que "não pegam".

Então, cabe dizer que o Código de Hamurábi não defini os sumérios, como o Lei Mosaica não define os hebreus, ainda que sejam de enorme ajuda na compreensão dos respectivos.

Bem como qualquer estudioso do século XL d.C. que pretenda estudar a sociedade brasileira atual não deve se contentar apenas com nosso Código Civil e nossa Constituição.

Há, além dos textos legais, textos históriocos, biográficos, mitológicos, poéticos, ciêntíficos que podem ajudar os estudiosos do assunto. Isso a partir da Idade do Bronze, que teve início há 6000 anos, e foi o período que testemunhou o surgimento da escrita.

Mas, visto que as estimativas do surgimento dos primeiros hominídeos remontam há mais de 4 milhões de anos, e que o surgimento da espécie homo sapiens remonta a mais de mil séculos, devem surgir outras técnicas de estudo dos povos que não se resumam aos textos, sejam eles oficiais ou não.

E pra essa tarefa, são de grande valia a arqueologia, a paleontologia, a biologia, a geologia, e a semiologia (ou semiótica), que expande para o campo dos signos não-linguísticos os estudos de linguística, e com certeza isso é de grande valia para a compreensão de todos os povos, possuam eles escrita ou não.

E uma citação de Montesquieu: "um povo defende mais seus costumes que suas leis." Não é à tôa.

E, por último, devemos saber que os estudos socias e culturais são antes de tudo um convite à tolerância. Devo saber que quem não pensa como eu, não é inteligente como eu, na medida que isso significa que quem pensa de outro jeito, é inteligente de outro jeito.

E como bem disse Levi-Strauss: "bárbaro é o que acredita na barbárie."

03/09/2008

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Osmar me emprestou um livro do que costuma se chamar de "vulgarização científica", onde talvez fosse mais cômodo dizer disseminação, visto o carácter pejorativo que a palavra vulgar pode assumir.

Mas o que importa é o título do livro, "Uma Breve História do Tempo" de Stephen Hawking ( o tal que ocupa atualmente, na Universidade de Cambridge, a cadeira que já foi de Newton).

Mas, a parte que seja muito bom o livro, o que me chama a atenção é mesmo o título, que comprova que há poesia até num tratado de astronomia.

Vejamos: a frase que compõe o título possui 5 palavras, afora o artigo indefinido e a preposição, nos restam 3 substantivos, todos eles pertencendo a um mesmo grupo semântico.

Breve: indica o que é de curta duração.

História: indica algo de duração maior, porém ainda limitada.

Tempo: indica o próprio tempo em sua essência e infinitude.

E do modo como as palavras estão dispostas: breve - história - tempo. Nos dá uma noção de caminhada, do mais curto, para o mais comprido até o infinito. E a noção de caminhada nos traz de volta a noção de movimento que nos leva novamente a noção de espaço-tempo, que Einstein concatenou muito bem.

Como também nos leva a própria noção de ciência, que é um longo e infindo caminhar, mas que começa com o primeiro passo, no primeiro livro, na primeira idéia.