25/03/2009

Autoridade

Vinicius de Moraes adorava futebol

Noam Chomsky desteta foottball

Einsten era contra o nazismo

Heidegger era a favor do nazismo

Newton era a favor da religião, da astrologia e da alquimia

Carl Sagan era contra a astrologia e a alquimia

Luthero era contra a física e a astronomia

Kepler era a favor da religião


Tudo isso justificaria ou desjustificaria o futebol, o football, o nazismo, a religião, a ciência, a astrologia, a alquimia, etc... somente pelo argumento da autoridade. Mas a argumento da autoridade já foi dispensado por quem raciocina e discursa com sinceridade.

E o fato, por exemplo, de Newton ter sido um dos maiores físicos da história e de ter sido cristão, astrólogo e alquimista devoto não impede que se oponha à ciência, a religião, a astrologia ou a alquimia. Uma mente muito atrasada concluiria o oposto.

O fato é que ciência, arte e religião, compoem o tripé do intelecto da humanidade. Se tratam, as três, de realizações inteligentes, oriundas de uma mesma raiz em comum.

Vide as tarefas de caça dos paleolíticos, que possuiam metodologia científica, rituais religiosos e manisfestações artísticas; concatenados e indistintos.

São o mesmo os funerais egípcios. Suas mumificações exemplificam alto grau de conhecimento de anatomia e fisiologia humanas, crença em vida post-mortem religiosamente fundamentada, além de magníficas expressões artísticas.

Porém, com o passar do tempo e o surgimento e aprimoramento de diversas tecnologias, sendo a escrita a mais importante dentre essas, as epistemologias se modificaram sobremaneira.

Então, religião, arte e ciência, começaram a se desenvolver e se desagregar. Não obstante se possa encontrar a presença de cada uma delas nas outras duas, a todo momento.

Entretanto, seguindo a estrutura do yin-yang, da balança do signo astral de Libra e da filosofia heideggeriana, religião e ciência são (arte à parte), hoje em dia e em linhas mestras, opostas, e na medida que são opostas são complementares, assim como sua perna esquerda é oposta a sua perna direita e complementar a ela.

Se se quer justificar a religião, a arte, o esporte, a violência, não basta citar brilhantes cientistas que foram religiosos, artistas, esportistas, ou violentos. E o simples fato de ter havido brilhantes cientistas violentos, esportistas, artistas, ou religiosos, não impede que se oponha a ciência à violência, à religião, à arte, ao esporte.

Devemos buscar outros argumentos.

Sabendo da raiz comum que possuem, se torna ainda mais necessário o incessante diálogo entre religião e ciência, porém, citar uma lista de cientistas religiosos não é argumento que se aplica nem em uma classe de alfabetização.

Pois, a ciência não possui autoridade sobre a religião, e o argumento do parágrafo acima serve apenas para deixar claro que não se concorda com essa afirmação.

Como seria ridículo se justificar a ciência citando uma lista de padres, bispos, párocos, e pastores que foram cientistas.

Pois, a religião não possui autoridade sobre a ciência.

Enfim, seja você destro ou canhoto, sua perna direita não é hierarquicamente superior à sua perna esquerda e vice-versa, e, portanto, uma não necessita justificar-se pela outra.

Um saci-pererê intelectual negaria a religião a partir da ciência, ou a ciência a partir da religião.

Uma mente avançada saberia que opor e negar não são sinônimos. E a oposição, ao invés de extinguir, muito pelo contrário, serve para reforçar.

Assim como sua imagem refletida no espelho se opoem a você ao mesmo tempo que te reforça.

Enfim, ciência e religião são irmãs e caso se queria buscar a origem desse parentesco, recorra aos estudos de antropologia cultural, psicologia e arqueologia.

Não se contente em listar nomes.

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