25/09/2010

Coisa do Povo




No mesmo livro em que diz não haver lugar para os poetas em sua utopia, Platão descreve uma das cenas poéticas mais sólidas de nossa cultura, O Mito da Caverna. Platão dizia que os poetas eram mentirosos, e, como poeta, talvez mentisse ao afirmar que não os desejava em sua república.

Mas é justamente essa ambiguidade platônica que me faz enxergá-lo com o marco fundamental da distinção entre o discurso mitológico que reinara até então (vide os próprios filósofos pre-socráticos, antecessores imediatos de Platão) e o discurso lógico que passaria a ser dominante desde então (vide o próprio Aristóteles, sucessor imediato de Platão)

Platão foi um homem com o espírito de seu tempo, zeitgeisteanamente; e, ao mesmo tempo, foi um homem póstumo, nietzscheamente a frente de sua época.

Nenhum comentário: