23/06/2011

Tapeçaria

Carpete de Sierpinski

A Ciência do Renascimento, de Decartes, Pascal, Leibniz, Newton, afastava a filosofia que vinha desde a Antiguidade e perpassava o Medievo e ratificava o afastamento prévio de toda a Mitologia por trás da Antiguidade.

Foi época dos surgimentos da Geometria Analítica, Cálculo Infinitesimal, Diferencial e Integral, entre outras coisas.

Num período de 2 a 3 séculos, foram feitos avanços, respondidas perguntas e permitidos novos questionamentos, graças a essas novas abordagens epistemológicas. O que acarretou numa confiança prepotente de dentro em pouco, à época, se encontrar resolvidas todas as questões de saberes a respeito do universo. Era a época do determinismo.

Porém, a ciência contemporânea, distinta da moderna, esta de autores já citados, e aquela de Gibbs, Lorentz, Brown, Eintein, Poincaré, Heisenberg, e mais, é a ciência da contigência.

Nesse interím, na ponte entre as epistemologias antigas e as modernas, temos a fundamental e sobremaneira olvidada cultura árabe, que dentre outras coisas, nos legou a notação arábica dos algarismos de 0 ao 9 e o conceito do número zero.

E no fundamento desta cultura, o tapete é pilar básico, vide os persas e seus motivos geométricos, bem como as narrativas de Alladin. Pois o tapete, peça robusta, que leva os fios em fina sintonia e em iteradas interações através dos nós pode adquirir vida e inteligência.

Nas epistemologias contemporâneas a noção de rede é essencial. Entendidas, tais redes, como sistemas de informação onde entes (seus elementos) estão em constante comunicação, o que, por sua vez, permite o surgimento de padrões e ritmos, dos mais simples aos mais complexos. E essa é uma abordagem que tem sido aplicada desde a física com seus átomos e quarks, até a sociologia com os humanos e suas convenções, passando pela biologia e pela química com suas células e moléculas.

É interessante perceber que, diferindo entre si, mantém certos laços os diversos tipos de abordagem ao longo do eixo histórico e geográfico.

Retornando às epistemologias antigas e suas metodologias mitológicas, gostaríamos de fazer referência e prestar referências às narrativas de Penélope e Ulisses.

Texto e Tecido possuem a mesma origem etimológica, por isso, o tecer e destecer de Penélope pode ser compreendido com o fazer e desfazer discursos ao longo do curso. O fazimento dos discursos mitológicos e o seu desfazimento e a consequente confecção dos discursos filosóficos e o desmanche desses últimos discursos para o que os discursos mais recentes, os científicos, possam ser costurados e depois descosturados para o surgimento de outros discursos vindouros.

E ainda aproveitando os tecidos e textos, o encordoamento do arco de Ulisses representa a capacidade de pesquisa e a competência metodológica, pois, muito antes do Google, foram as lanças e flechas nossos principais instrumentos de pesquisa.

As epistemologias antigas, aproveitando os conceitos de redes, tapetes, carpetes, fios, laços, nós, textos, tecidos, enseja o casal mítico e representa toda a sanha humana a respeito da produção de pesquisas, de conhecimento do cosmo e de representação da realidade.

E essa chama vai sendo alimentada, nesses dias, por pesquisas em sistemas complexos e geometria fractal, por exemplo.

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