30/03/2009

Nei Lopes

control + c; control + v no blog do Nei

O OLHO MAIS AZUL

O respeitável público, com toda a razão, cobra um pronunciamento do Lote sobre a metáfora dos “olhos azuis” espanada pelo Presidente Lua na cara dos banqueiros internacionais. Mas o pronunciamento já tinha sido feito, em 2004, na primeira edição da Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, que estamos revisando e atualizando para futura edição. Vejam estes dois verbetes:

“LOURO, Idealização do tipo. - A idea­li­za­ção e a an­ge­li­za­ção do in­di­ví­duo bran­co de ca­be­los lou­ros pa­re­cem ser, se­gun­do Gilberto Freyre, rea­ções à su­per­va­lo­ri­za­ção da be­le­za “mou­ra” na Europa me­die­val. Assim, ao mi­to e às len­das da Moura Encantada, que se di­zia pos­suir be­le­za per­tur­ba­do­ra, se­gui­ram-se os da Moura Torta, es­ta alei­ja­da e ­feia, com a as­so­cia­ção dos não-bran­cos a an­jos ­maus, trai­do­res e de­caí­dos, e do ti­po lou­ro a per­so­na­gens di­vi­nas e an­ge­li­cais. Entretanto, se­gun­do o his­to­ria­dor gre­go Heródoto, os an­ti­gos egíp­cios evi­ta­vam a com­pa­nhia de pes­soas de ros­to cla­ro e ca­be­los rui­vos, por con­si­de­rá-las ma­lé­fi­cas; e, no tem­po em que os sa­cri­fí­cios hu­ma­nos ­eram ­usuais, in­di­ví­duos lou­ros ­eram es­tran­gu­la­dos sob o tú­mu­lo de Osíris* ou quei­ma­dos vi­vos.”

“BLUEST EYE, The. Romance de es­tréia da es­cri­to­ra Tony Morrison*, pu­bli­ca­do em 1969 e lan­ça­do no Brasil, em 2003, sob o tí­tu­lo O ­olho ­mais ­azul. Nele, a au­to­ra ques­tio­na o pa­pel das bo­ne­cas bran­cas de ­olhos ­azuis na for­ma­ção psi­co­ló­gi­ca das me­ni­nas ne­gras. De ob­je­to de so­nho ­elas se tor­na­riam um pe­sa­de­lo, ator­men­tan­do es­sas me­ni­nas com a cons­ta­ta­ção de que só com ­olhos ­azuis po­de­riam exer­cer ma­gia e fas­cí­nio, ob­ten­do, em tro­ca, ca­ri­nho e mei­gui­ce. No Bra­sil, no fi­nal do sé­cu­lo XX, a in­dús­tria de brin­­que­dos – tal­vez sen­si­bi­li­za­da, mer­ca­do­lo­gi­ca­men­te, por es­se ti­po de ques­tio­na­men­to – co­me­ça­va ti­mi­da­men­te a fa­bri­car bo­ne­cas ne­gras. Ver LOURO, Idealização do tipo.”

Um comentário:

Anônimo disse...

rs. achei uma ilustração sobre este texto bem engraçada. Lula sentado numa cadeira, tentando atirar no própio pé( ilustrado por Gabriel Souza). Na legenda dizia: " mais um tiro no pé para entrar no currículo. "

Bjs,

Caroline.