13/07/2010

cuidado com o cão! soltem os cachorros!


"temos as línguas como os cachorros"


Todo cão tem seu rabo. É de sua natureza.

E se um cão a outro cão lhe morde o rabo, esse outro cão pode, pausadamente e poderadamente, argumentar e tentar convencer um cão a lhe soltar o rabo.
Ou deve, instintivamente e pavlovianamente, morder o rabo do cão que lhe morde o rabo.

E assim, o ciclo está completado. O Tudo-Nada, O Alfa-Ômega, O Yin-Yang, O Oroboro canino se define.
(E diante disso, tudo que se pode é rosnar, pois latir já é soltar o rabo alheio. Enquanto os pensadores estão a divagar que cão mordeu primeiro.)

Não que seja de meu feitio reduzir todas as implicações filosóficas, artísticas, religiosas e científicas do círculo à mera questão de cão.

Mas vos disse a vós, Salomão: tudo é vaidade.
Eis que vos digo eu: tudo é rinha.

Mas nem nisso originalidade há, pois muito antes de mim, Arriaga e Inarritu já me disseram que, humanos que somos, nada mais somos que cachorros com gramática.



Suzana ao chegar em casa do colégio, abre a portão e deixa Cofi escapar. Ele está prestes a se revelar um exímio "homicida".



El Chivo com um integrante de sua matilha. Intelectual esquerdista e professor universitário, El Chivo abandona a carreira acadêmica para embrenhar-se na guerrilha armada contra um governo ditatorial de extrema direita. Vai preso por um investigador medíocre e se torna mendigo e matador de aluguel. Qualquer semelhança com Karl Marx não é pura aparência. Ou mera coincidência.



Cena final. Cofi(o cão) recuperado de ferimento a bala. El Chivo(a cabra) de barba feita e cabelo cortado. Caminham juntos ao horizonte. Um vai como sombra do outro.



Filme mexicano, genial, que celebra dez anos esse ano e deve ser muito comemorado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou soltar os meus cachorros nos donos dos supermercados cariocas. :D
Bjus, CArol Q.